PARA BRASÍLIA

Aporto os olhos em teu infinito.
Acolhidos, lanço os lábios:
quero dizer-te: bela
dama sem seios mas possível
em alimentar seus filhos com beleza e rigor.

Há um rigor belo em teu corpo de asas
pássaro de terra onde se ergueram deuses
arquitetonicamente verdes
naturalmente concretos.

Dançam sob ti rios de ouro
que desembocam num ereto arco-íris
a desafiar o poder da chuva.
Sobre ti um céu que não cabe
nem no céu que Deus guardou para si.

Quintal de esplendores
que não meu usufruo
colhendo nuvens e pedras brancas
para levar de lembrança.

Se um dia eu for teu
não me queiras filho, mas amante.

2008