DESCASO

Os tempos me obrigam à denúnica
não ao derrame do meu amor por ti.

No rosto do Cristo um capuz
não nuvens
No corpo do Pão de Açúcar balas
não rugas
No vestido de Copacabana rasgos
não rendas da beira.

Queria ter-me de volta aos 15
quando te namorei
e sem perceber contigo casei
aos pés da Pedra da Gávea
com as bênçãos do mar do Leblon.

Não foi a rotina que nos separou –
amar-te todos os dias seria um privilégio.
Foi a vulgaridade do descaso
que sobre o mundo se espalhou
que sob ti me abateu.

2008