O INVENTOR DE ESPERANÇAS

Herdei de meu pai
a difícil proeza de amaro que não cabe no amor
e de fazer universo o que é promessa de estrela.

Era um homem que sabia colorir pálidas fotografias
e que acreditava em deuses comuns habitando ventiladores.
Encharcava-se de perfumes baratos a cada manhã
porque mesmo na derrota era preciso glorificar-se.

Com ele aprendi a inventar esperanças.
Todos os dias faço da forca uma gravata de esmeraldas.


2007