À SOMBRA
Os meninos crescem
também a barba do tempo
a assustar meu outro no espelho.
Meus filhos nos filhos alheios
os livros que de volta não cobrei
toda uma história à mercê dos anos
que passam: se antes, trotes lentos
hoje, incontroláveis galopes.
Não domei o tempo.
Preferi ornar-lhe a crina
com a esperança de versos perfeitos.
Minha coleção de cavaleiros solitários
– como jamais envelheceram? –
descansará à sombra
sempre que um poema meu lido.
2008
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