O ELEGANTE TRAJE DA PERMANÊNCIA
Chegará em traje completo
como manda o figurino de bem-querer
ou trará rasgos no bolso esquerdo do paletó?
Usará abotoaduras, coletes e sobretudos
nas datas que se fizerem solenes
ou pedirá bainhas pelos desgastes do mal-querer?
Dormirá sem agasalhos ao meu lado?
Ele não tinha respostas prontas na mala
quando a porta se abriu.
Simplesmente veio com a roupa do corpo
e uma penca de sonhos pendurados
em cabides de lua minguante.
Pedi que entrasse: sem precisar tirar os sapatos.
Não acreditava em pijamas.
Tantos bordados e remendos depois
ainda hoje nos cobrimos
com o boa-noite da primeira vez
e dispensamos os chapéus
na saudação dos desalinhados pensamentos
aos desejos a serem novamente arrematados.
A felicidade é o vestido mais bonito do acaso.
2009
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