GUERREIROS
Amanheço velho
um dia a mais que deveria:
juntas e nervos aposentados
rangem na cadeira de balanço.
As cruzes postadas à porta
não espantam o tempo
que diariamente descobre as janelas
para o sol manchar a pele
e a lua trair os cabelos.
Aos pés do horizonte deposito
o ouro e o desconforto do mundo
há anos morador das minhas costas curvas.
Sem ambição ou culpa retorno
ao carinho dos lençóis.
O vento me consola nos sinos da varanda:
a morte, única guerreira capaz de vencer o tempo,
parece distante.
2008
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