QUASE INVISÍVEL
Só
numa tarde que também só
a mim se manifesta
ouço ventos abusando de portas
ante a rigidez íntegra das janelas.
A casa não reconhece minha solidão
e exige cuidados.
Mas estou breve
neste outono de farelos
quase invisível
e parto com pouca bagagem
porque sei logo retornarei.
Na mala, a alma em pedregulhos:
o muro que construí no cais
foi vencido pela maré.
2008
|